concurso curar e reparar_bienal de arte contemporânea de coimbra

Em 2017, ganhou uma menção honrosa, com prémio monetário, no concurso para a exposição Curar e Reparar, organizado pela Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra.
"Em termos de proposta, a Bienal deste ano é contra a ideia de radicalidade herdada das vanguardas porque é fronteiriça em relação a uma perspectiva purista e moralista. Está mais interessada na contaminação, na mistura, na negociação de zonas de contacto. A ideia de revolução não é interessante para o ponto de vista da Bienal deste ano porque parte de uma radicalização da totalidade".
Assim sendo, ao respeitar a proposta feita pela bienal, Ana sarmento decidiu inspirar-se e focar-se no sentido literal das palavras Curar, Reparar, Restaurar e Recuperar. Deste modo, desenvolveu 4 peças que remetem ao mundo hospitalar da 2ª Guerra Mundial, mais especificamente, a enfermagem.
As peças são oversize e podem ser utilizadas tanto no direito como no avesso, possibilitando o uso da mesma peça, de várias maneiras diferentes. Surge assim, a referência ao reaproveitamento verificado no campo de batalha e nas tendas de enfermagem, onde por vezes os recursos eram escassos e insuficientes, necessitando da criatividade para a resolução de muitos problemas.
As silhuetas quadrangulares remetem aos grafismos criados pelo excesso de camas, com soldados feridos, nas salas de enfermagem.
O tecido dominante nas fardas e nos acessórios de enfermagem da 1ª e 2ª Guerra Mundial, era o tecido cru. Simbolicamente, este representa o puro e a beleza da simplicidade. Deste modo, tornou-se claro que o mesmo tecido deveria ser aplicado nas 4 peças desenvolvidas.
No que diz respeito aos detalhes das peças, todos eles remetem ao restauro e à cura, como por exemplo as costuras e os pespontos, que ficam expostos propositadamente, representando assim, os pontos e as suturas das feridas.
De um modo geral, a interpretação pessoal da criadora, deu origem a peças que possuem uma harmonia entre o rústico e o contemporâneo. 

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